quinta-feira, 15 de maio de 2014
O céu nublado indicava um forte temporal na região, a rua estava uma bagunça, pessoas correndo freneticamente para não se molhar já que a chuva começava a engrossar. Dentro do meu quarto havia um tornado de sentimentos, pensamentos, papéis espalhados pelo chão, desenhos nas paredes, livros espalhados sobre a mesa, um pouco de café na xícara que ganhei no Natal, uma playlist com músicas tristes...
Meu dia não tinha sido nada fácil. Mas afinal de contas, quando foi que eu tive um bom e proveitoso dia? Já não me lembro quando fui feliz por 24 horas. Ultimamente tenho pensando demais, sem contar no fato de que qualquer coisa me irrita profundamente.
Sentei na cama ainda pensando em tudo que tinha acontecido mais cedo. A chuva grossa não me assustava, na verdade me acalmava. Era como se eu não estivesse sozinha à meia luz num quarto grande demais só pra mim, naquele momento sentia que a tempestade não habitava apenas no meu peito.
O som aconchegante dos pingos batendo na janela, a musica Broken-harted tocava baixinha, o cheiro de café vindo da cozinha... Peguei meu notebook e comecei a revirar todas as fotos salvas ali. Eu sentia tanta falta de tudo... Como tudo mudou tão repentinamente?
Sei que não dá pra reviver o passado e que por mais difícil que seja, é necessário aprender a deixar o que passou pra lá. Nada é para sempre. Nada continua da mesma forma.
Há uma semana atrás eu tomava cappuccino sempre que ia à cafeteria no final da rua, hoje tomo café forte com chocolate. Semana passada minha musica preferida era Mr. Brightside do The Killers, hoje não paro de ouvir o mashup de Latch e Stay With Me de uma boyband que mal ouço dois ou três covers. Pouquíssimo tempo atrás eu não gostava de vestir roupas com estampa de onça, hoje tenho pelo menos três peças. Ontem eu pensava que nunca seria capaz de conversar com o rapaz mais bonito da classe, hoje passamos metade da manhã conversando. São coisas pequenas que no dia a dia passa despercebido, mas aí quando você olha pra trás vê o quanto tudo mudou. E sente falta, porque nada volta a ser como era, mas vale lembrar que muita coisa muda pra melhor e que mudanças são necessárias.
A chuva diminui a medida que minha terceira xícara de café se esvaziava, meus pensamentos completamente soltos e voando alto. Eu não pertencia mais aquele quarto sombrio ou aquela cidade extremamente fria. Não conseguia parar de pensar no que a vida poderia ser. Talvez um dia eu estarei sentada numa grama recém cortada lendo um bom livro, ouvindo boas musicas, sentindo o sol aquecer o meu corpo, observando o céu limpo e aí, só aí, perceberei que toda a angustia foi embora e não será tão difícil perceber o lugar qual pertenço. Pode parecer que demore, mas meu tempo irá chegar e nunca será tão fácil ser eu mesma.
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