domingo, 20 de outubro de 2013

Nós.

Eu nunca soube explicar nossa relação, éramos apenas nós. Não tinha isso de eu e ele, ele e eu, éramos nós e ponto.




Nunca fomos o que viram, nunca fomos o que imaginaram. O que éramos, nunca ouvi relatos que existiu. Nem Romeu e Julieta, nem Hazel Grace e Augustus Waters tinham um amor tão puro quanto o nosso. Talvez seja porque sei que é real, que sempre foi real. Não é só mais uma história escrita e exposta em vitrines.
Lembro o dia em que estávamos deitados na grama do parque depois do nosso primeiro piquenique juntos, estávamos olhando o céu quando eu sussurrei: "Queria que algumas coisas durassem pra sempre e nossa vida fosse completamente sem limites", e ele virou a cabeça pra mim enquanto eu olhava as aves voando num céu tão azul quanto seus olhos, e depois de alguns segundos disse: "Mas se existe um limite iremos sempre além. Não somos limitados, não fomos, e não seremos. Iremos juntos onde quisermos ir, onde o nossos pensamentos ousarem seguir, nos permitir ser tudo, sem sair de nós." eu sorri e fiquei completamente sem resposta, porque ele quase nunca dizia coisas tão lindas.
Nós aprendemos juntos que nenhuma relação é perfeita, mas que ambos nunca podem desistir. Phillipe me ensinou tanto, eu o ensinei tanto... Uma vez ficamos abraçados num silêncio quase absoluto, onde tudo que ouvia era o som de seu coração e o vento fraco de primavera e, eu sei que ele dificilmente sentia-se confortável com silêncios tão longos mas, como uma vez ele dissera, eu o fazia diferente. No fundo sabia que ele tinha razão. Na maioria das vezes ele quebrava o silencio da maneira mais engraçada e única que pudesse.
Sabe aquelas comédias românticas bem breguinhas? Éramos nós dois, um provocando o outro, um rindo do outro sem motivo algum. Um amor engraçadinho de causar inveja em qualquer um e talvez por isso nunca tivemos essa necessidade de demonstrar o quanto nos amamos pros outros, claro que temos trocas de carinho em público, mas nunca nos deixamos revelar completamente o que somos.
Depois de todo esse tempo ainda sinto borboletas no estômago quando ele me olha e sorri de um jeito que só ele sabe.
Durante essa curta eternidade que passamos juntos entendi do jeito mais difícil que nem tudo são flores. As dificuldades são enormes, os problemas parecem pesar mais que tudo. As discussões, gritos, lágrimas e mesmo assim, depois de alguns minutos olhávamos um pro outro e lembrávamos tudo que passamos juntos, todos os motivos para continuarmos firmes e fortes. No outro dia pela manhã ele deixava um bilhetinho ao meu lado antes de sair pra corrida matinal que ele sempre faz. Normalmente citações de musicas que nós dois gostávamos ou de autores renomados, mas que expressavam exatamente o que ele sentia e não encontrava as palavras certas pra dizer. A nossa ultima discussão durou uns 3 minutos, tempo suficiente pra ambos se arrependerem, no outro dia ele escreveu num guardanapo "Eu te tenho com a certeza de que você pode ir, te amo com a certeza de que irá voltar pra gente ser feliz. Você surgiu e juntos conseguimos ir mais longe... o nosso amor está acima das coisas desse mundo. Eu te amo, Phillipe." esse eu guardei junto com todos os outros escritos que ele fez pra mim. Hoje tenho uma caixa imensa com todos eles.
Nesse mesmo dia antes de sair pra aula de gastronomia lhe escrevi uma pequena frase num pedaço de papel "Tirar o coração deve ser mais fácil que tirar alguém de dentro dele. Amor, Susan". Era sempre assim, bilhetes e mais bilhetes, alguns de reconciliação, algumas piadinhas internas, algumas declarações, alguns apenas com ilustrações cômicas e românticas. Amava e guardava todas.
Hoje os bilhetes não são tão frequentes quanto antes, o que, de certa forma, é bom. Demonstramos nosso amor em atitudes e palavras ditas, escrever bilhetes um ao outro é mais como uma surpresa boa num dia normal, surpresas essas que iluminam o dia de qualquer um.
Ontem a noite cheguei em casa depois de um longo dia de trabalho e ele estava dormindo no sofá, havia um pequeno envelope lilás com as inicias de nossos nomes encima da mesa de centro. Peguei o envelope e nele estava escrito o que Chico Buarque uma vez disse: "Acho a coisa mais simples, mais definitiva, pra explicar o amor entre duas pessoas: gostava dela porque era ela, porque era eu." e lembrei-me que mais cedo eu lhe perguntei o por que de não haver mais casais como nós e tudo que ele disse foi "não sei" e me deu um beijo na testa antes de sair pro trabalho. No verso do papel a letra dele um pouco tremida: "Não existe casais como nós, porque só nós somos nós, não existe outro eu e muito menos, outra Susan. Nós somos o que somos, infinitos, como o nosso amor sempre será. Com amor, Phillipe". Aquilo foi, pra mim, o mais verdadeiro dos bilhetes. Ele escrevera aquilo pra que eu nunca me esquecesse do que fomos, o que somos e o que seremos. Infinitos.



2 comentários:

  1. Que coisa linda meu Deus! *o* Resando pra eu ser uma Susan de algum Phillipe por aí! Lindo Guid <3

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não é só você rezando por isso hahahah obrigada Naah ♥

      Excluir